Por Redação do Fact Mundi
A Comissão Europeia avança na luta contra as mudanças climáticas e anuncia algumas medidas para acelerar a transição ecológica da União Europeia e alcançar as metas de redução das emissões de gases de efeito estufa: é o “Pacto Verde”.
Algumas das medidas propostas atingem o setor aéreo, especialmente dentro da Europa. A primeira proposição é a tributação gradual do querosene de aviação para linhas que atuam dentro da União Europeia. Essa taxação é inédita, pois o combustível aéreo beneficiou até agora de uma isenção total. A medida pretende incentivar as empresas a adotarem combustíveis sustentáveis (misturados a uma pequena parte de biocombustível). Mas preocupa a Federação Europeia dos Trabalhadores dos Transportes, por uma questão de competitividade. A aviação executiva e o frete estariam excluídos desse imposto sobre o querosene. A intenção é implementá-lo gradualmente, ao longo de dez anos.
Entre outras medidas previstas pela Comissão Europeia estão:
- reduzir as emissões de CO2 dos automóveis novos na UE para zero a partir de 2035, o que interromperá as vendas de veículos a gasolina e diesel nessa data, que se voltaria para motores 100% elétricos.
- a criação de um segundo mercado europeu de carbono, onde os fornecedores de combustível para transporte rodoviário ou combustível doméstico para aquecimento residencial terão que comprar “licenças poluentes” para compensar suas emissões.
Eurodeputado lamenta ausência da agricultura
Em entrevista à Rádio France Info, o deputado europeu Benoît Biteau, que faz parte da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Sustentável da Comissão Europeia considerou que o Pacto do Clima apresentado pela Comissão Europeia é uma boa iniciativa. Mas lamentou que a agricultura não esteja presente no documento apresentado nesta quarta-feira. “A agricultura tem uma importância central. Ela é vítima das mudanças climáticas, como vemos com os fenômenos de seca, calor extremo e inundações, que a afetam fortemente. Mas vale ressaltar que a agricultura também é responsável pelas mudanças climáticas, pois 30% das emissões de gases de efeito estufa decorrem da atividade. E não são só as “vacas que peidam nos pastos”, mas também há a dependência do petróleo, como é o caso das fertilizações azotada, que é um derivado desse combustível fóssil. Por fim, a agricultura pode ser uma solução para as mudanças climáticas se usarmos 60% ou 70% dos espaços que nos cercam para mudar isso. E isso está ausente do pacote do clima da Comissão Europeia”, lamenta Benoît.
Benoît Biteau disse também que é difícil convencer os agricultores a abandonar práticas voltadas para uma economia de mercado. “Eles ou elas poderiam voltar a ser locais e ser menos dependentes dos pesticidas. O orçamento destinado ao setor continuará alimentando o modelo agrícola que não muda”, lamenta o eurodeputado.
Todas as propostas serão negociadas, posteriormente, entre os deputados e os Estados-Membros da Comissão da União Europeia.
Fonte: Francetv Info
Foto de capa Max Pixel