Qual expressão parece mais óbvia quanto à noção de urgência: “aquecimento global” ou “um cobertor de poluição que está superaquecendo o planeta”?
O estrategista de comunicação, John Marshall, em recente palestra na plataforma Ted (Tecnologia, Entretenimento e Design), disse que precisamos repensar a maneira como abordarmos a questão climática. São necessários pequenos mas poderosos ajustes na linguagem para que as pessoas entendam melhor e se preocupem mais intuitivamente com essa ameaça às nossas vidas.
A comunicação climática exige três coisas simples, segundo Marshall. O Fact Mundi faz um resumo dos pontos citados.
- uma linguagem simples, óbvia e universal. É meio inatingível para uma pessoa comum imaginar qual o impacto de “2°C a mais nos termômetros, daqui a 50 anos”. Até para os iniciados, é algo bastante abstrato. Confusão e desesperança são inimigos da compreensão, diz ele. Precisamos de uma linguagem vívida, que todos entendam.
- a segunda chave é fazer com que o clima seja percebido como algo importante para o indivíduo. A questão tem que afetar a vida pessoal e ter relevância local. É diferente alguém exigir “vamos zerar as emissões para deter as mudanças climáticas” de “parem com as inundações no meu terreno”. A última mensagem é muito mais eficaz para chamar a atenção. As inundações locais são muito mais relevantes do que o aquecimento global.
- a terceira chave do quebra-cabeça da comunicação climática é mostrar às pessoas que as mudanças climáticas afetam também as pessoas da mesma comunidade, da mesma região ou que tenham um histórico semelhante às delas. Elas precisam se identificar com essas pessoas. Isso torna a mensagem bem mais eficaz. Ou seja, em vez de explicar o problema para as pessoas, é melhor trazer as pessoas para dentro da problemática para que elas digam: “Entendi, isso é importante para mim. É importante para pessoas como eu”. Só aí, elas estarão preparadas para agir.
Marshall gosta de ilustrar didadicamente o cenário climático, pois diz que obtém mais reações de cumplicidade de quem ouve: “Nós, seres humanos, estamos na Terra há cerca de 300 mil anos, mas só começamos a poluir desse jeito, nos últimos 60 anos. A nossa poluição permanece no ar por milhares de anos, criando um cobertor espesso que aprisiona o calor na atmosfera. Esse calor causa furacões mais intensos, incêndios mais amplos, enchentes mais frequentes e a extinção de milhares de espécies. Mas há boas notícias. Para deter esse cobertor poluidor, basta parar de poluir.” Ele afirma que a imagem do “cobertor poluidor” foi uma das mais eficazes para as pessoas entenderem a questão. É visual, é vívido, e quando as pessoas ouvem a mensagem, elas se tornam significativamente mais engajadas. Elas a entendem.
Veja abaixo, na íntegra, a palestra de John Marshal no Ted Talks:
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