Paris arde. Os termômetros não param de subir e devem alcançar os 41° C, esta semana, na capital francesa. Paris sufoca. Esse fenômeno de calor extremo, a famosa “canicule”, está cada vez mais frequente, não só em Paris, mas na França inteira. Os especialistas alertam: Paris precisa reagir… e agora.
E não é o velho e poluente ar-condicionado que vai resolver. Em entrevista recente ao site da revista Usbek & Rica, Franck Lirzin, engenheiro e autor do livro “Paris face au changement climatique” (Paris Frente às Mudanças Climáticas) diz que a capital francesa pode optar por soluções ecológicas. Entre elas, estão:
– Criar projetos urbanísticos e de arquitetura para a cidade de forma a maximizar o aporte de calor em períodos de frio e o inverso, nos períodos de forte calor.
– Criar espaços verdes, nos telhados, nas varandas, nas ruas, entre outros.
– Adaptar o patrimônio arquitetônico parisiense e a estética da cidade à nova realidade climática. Os telhados em ardósia ou zinco (os famosos telhados de Paris), aquecem rapidamente. Não são ideais para enfrentar as mudanças climáticas. Além disso, os prédios em estilo “Haussmannien”, riqueza patrimonial da cidade, aquecem rapidamente, com fachadas de pedra e, a maioria, sem venezianas.
– É preciso haver uma conscientização e uma estratégia coletivas para refrescar a cidade. Cidadãos devem se mobilizar para pensar em soluções para o próprio bairro.
– A questão da governança é também crucial. Os territórios devem se solidarizar para encontrar soluções de financiamento ou de criação de infraestruturas. Por exemplo, para a gestão da água, em uma região.
Paris já tem realizado medidas de enfrentamento às mudanças climáticas. Há alguns anos, algumas vias de grande circulação de veículos foram transformadas em áreas para pedestres, às margens do Sena. Em vários pontos da cidade, foram criadas faixas exclusivas para motos, scooters, bicicletas e patinetes elétricas. Inclusive, na turística “rue de Rivoli”. Carros muito poluentes estão proibidos de entrar na capital. Mas especialistas garantem que há muita margem para se fazer mais, diante do cenário climático previsto para os próximos anos. A adoção de soluções mais neutras em carbono para “Paris não ficar para trás”, diz Lirzin.