De Fact Mundi
Uma parceria entre a Universidade de Estocolmo e duas empresas privadas pretende usar o hidrogênio produzido pela eletrólise da água para injetar oxigênio no Mar Báltico. O projeto BOxHy, que ganha seus contornos finais, visa a reduzir a asfixia do fundo do mar da região.
Os oceanos do mundo estão ameaçados pela exploração excessiva dos recursos marinhos, pela poluição e pelo aquecimento da água. Como resultado, os níveis de oxigênio no ecossistema oceânico estão tão baixos que muitos espaços não conseguem mais “respirar”: eles sufocam, e a maioria das espécies não sobrevive. De acordo com os pesquisadores, centenas de regiões costeiras são vítimas de hipóxia (incompatibilidade entre as necessidades e o suprimento de O₂), incluindo o Mar Negro, o Golfo do México, o Mar da China e o Mar Báltico.
Solução proposta
Ao mesmo tempo em que apostam na redução da utilização de produtos químicos tóxicos e, consequentemente, do despejo desses nos cursos d’água, os pesquisadores acreditam na tecnologia para salvar o Mar Báltico. Esse é o caso do projeto de cooperação entre a Universidade de Estocolmo e as empresas industriais Lhyfe e Flexens.
É um projeto ambicioso, que pretende aproveitar os futuros locais de produção de hidrogênio nos sites offshore. A ideia é a seguinte: quando o hidrogênio é produzido pela eletrólise da água, a molécula de água é dividida em hidrogênio e oxigênio. Esse oxigênio resultante seria injetado no oceano para suprir a demanda do meio marinho. De acordo com um relatório preliminar do consórcio, três áreas já foram identificadas como potencialmente viáveis para o projeto piloto de injeção de oxigênio puro.
O projeto BOxHy foi aprovado em outubro de 2024 pelas Nações Unidas como parte da Década do Oceano. Os participantes discutiram a viabilidade teórica e os possíveis impactos ambientais da reoxigenação artificial dos oceanos para evitar ou reverter sua desoxigenação.
Experiência canadense
Uma solução semelhante já foi proposta por pesquisadores do Canadá. No final de 2023, a equipe canadense injetou um gás inerte que se move como oxigênio dissolvido no Estreito de Cabot a uma profundidade de 250 metros. ). De acordo com as observações iniciais, levaria de 18 a 48 meses para que o oxigênio injetado no Golfo de São Lourenço chegasse às zonas mortas. Até o momento, nenhum resultado definitivo foi publicado.
Deserto ecológico
As zonas mortas estão diretamente ligadas às atividades humanas. O nível de nutrientes nessas águas é tão alto que não há oxigênio suficiente para a sobrevivência da maioria das espécies.
A descarga de substâncias químicas no ambiente marinho causará reações que resultarão na redução ou ausência total de oxigênio, um fenômeno que dá origem às “zonas mortas”. O plâncton que prolifera nessas zonas criará uma situação mais favorável para o consumo do oxigênio restante.
Existem cerca de 700 zonas mortas nos oceanos, a maioria delas perto da costa. Entre as maiores estão aquelas ao longo da costa americana da Louisiana, bem como as do Mar Báltico, perto da Suécia.
Fontes : Lhyfe, Radio-Canada, ONU
Link para o estudo no Canadá: aqui