A Lei do Clima pode ser travada pelo Senado francês

Chega ao Senado francês, hoje, o texto de lei Climat et Résilience aprovado pelos deputados, na semana passada. O documento precisa ser votado sem qualquer alteração pelos senadores franceses para que se faça a realização de um referendo para a inclusão da lei na Constituição do país. Segundo lideranças políticas, é algo praticamente impossível de acontecer. Enquanto isso, o executivo – que propôs o texto de lei – briga com as lideranças de direita do Senado para ver quem escapará de ser responsabilizado pelo fracasso anunciado.

Foto de capa de Jeanne Menjouletcc

 Ontem, foram registradas várias marchas em toda a França em protesto contra a Lei do Clima aprovada pela Assembleia Nacional. Ativistas e associações ambientais estão descontentes com o documento, que se revelou muito menos ambicioso do que as propostas oferecidas pela Convenção Cidadã, que reuniu 150 cidadãos representativos da diversidade francesa.

Paris, 09/05/2021. Foto de Jeanne Menjouletcc

“GARANTIR” EM VEZ DE “PRESERVAR”

O texto adotado pelos deputados franceses indica, no artigo 1º da Lei fundamental, que a França “garante a preservação do meio ambiente e da diversidade biológica e luta contra as mudanças climáticas”. Só que os senadores modificaram a frase, que agora prevê que a França “preserva o meio ambiente assim como a diversidade biológica e age contra as mudanças climáticas”. A nuance fica por conta dos aspectos jurídicos e políticos. A maioria no senado afirma que a redação inicial dá à preservação do meio ambiente uma prioridade sobre os outros princípios constitucionais, como a liberdade de empreender. Dessa forma, colocaria em risco o tecido industrial do país. “Ao tirar a palavra ‘garantir’, demos segurança às coisas”, afirmou o senador François-Noel Buffet, do partido LR (Republicano), à revista L’Express. Outro senador do partido LR, Bruno Retailleau, disse que “essa palavra (“garante”, n.r.) introduz o vírus do encolhimento na Constituição e daria um poder excessivo ao juiz”. O presidente Emmanuel Macron havia se comprometido com o termo “garantir”. Por enquanto, no Senado, o acordo parece impossível.

pascale.pfann@factmundi.com

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