A tradição do lírio-do-vale é ruim para o planeta?

Da redação do Fact Mundi

No dia 1° de maio, além de se celebrar o “dia do trabalho”, na França, tem-se o costume de oferecer um buquê de “muguets” ou lírios-do-vale a amigos, parentes e pessoas próximas. Seria uma espécie de um bom auspício para os próximos meses, um amuleto da sorte.

Tradição com origem na Antiguidade

Desde a Roma antiga, já se celebrava a floração por volta do fim de abril e início de maio. No século 16, o rei Carlos IX teria sido presenteado com um buquê de lírios-do-campo e gostado tanto da iniciativa que passou a dar um desses a todas as mulheres da corte, a cada primavera. Ao longo dos séculos, a tradição perdurou, com menos ou mais periodicidade. Até que, recentemente, os grandes estilistas franceses também promoveram a planta e o gesto. Especialmente Christian Dior, que tornou a flor emblema da grife.

Vestido de Christian Dior. Reprodução da galerie-dior.

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O lírio que vale muito

Essa tradição custa caro para os franceses. Um buquê, nos floristas ou nos quiosques de rua, custa 5 euros. Uma reportagem da emissora de televisão francesa mostra até ladrões que levam estoques de “muguets” dos floristas, que começaram a se proteger. Os prejuízos alcançam milhares de euros. A tradição também financia sindicatos e partidos políticos. O partido comunista é um deles, que recolhe centenas de milhares de euros a cada ano com a venda dos lírios-do-campo.

Lírio-do-vale, planta absorve bastante água do solo. Foto: Canva

Ruim para o planeta?

Ecologistas e defensores do meio ambiente alertam que o lírio-do-vale consome muita água. 90% da produção francesa vem da região do Loire. A CGT, sindicato dos trabalhadores da região, pede que parem de cultivar a flor. Os que pregam alternativas menos radicais, sugerem substituir o “muguet” pelo lírio-germânico ou a cravina, ambos exibem cores vivas e florescem nesta época. Mas a alternativa não agrada a muita gente, pois falta o aroma característico do lírio-do-vale.

A deputada ecologista francesa, Sandrine Rousseau, entrevistada pela emissora France 2, prega a sobriedade e a moderação: ofertar um ou dois ramos de lírio-do-vale não faz mal. E sugeriu: “Por que não plantar seu próprio lírio-do-vale no jardim de casa ou em um vaso, em apartamento?”

Foto de capa: Canva

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