Até agora, os dados estavam incompletos. Mas observações com a ajuda de satélites comprovam a aceleração do fenômeno, no século 21.
Foto de capa de Jeremy Bishop/Unsplash
Os estudos são de uma equipe internacional que reúne cientistas do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique – Centro Nacional para a Pesquisa Científica), do IRD (Institut de Recherche pour le Développement) e da Universidade de Toulouse III, e foi publicado na revista Nature, de 29 de abril passado.
É considerado o primeiro mapeamento completo e preciso das mudanças de volume de todas as geleiras do mundo, que são cerca de 220 mil. Até hoje, os dados sobre o fenômeno eram tidos como inconclusos, por falta de comprovação. Mas as observações colhidas por satélites já podem atestar as mudanças ocorridas em todo o planeta. Os cientistas se basearam em cerca de meio milhão de imagens, obtidas desde 2000 pelo satélite Terra.
Perda de massa das geleiras em gigatoneladas (bilhões de toneladas):
Entre 2000 e 2004: menos 227 Gt
Entre 2015 e 2019: menos 298 Gt
Fonte: CNRS
Arte sobre foto de Dirk Spijkers on Unsplash
Segundo o estudo, as geleiras derretem mais rapidamente nos Alpes, na Islândia e no Alasca. Mas eles observaram também uma redução da taxa de derretimento, entre 2010 e 2019, na costa leste da Groenlândia, na Islândia e na Escandinávia. Tal desaceleração local pode ser explicada por uma anomalia meteorológica responsável por maiores precipitações e por temperaturas mais baixas. A variação específica nas perdas de massa se deve, em geral, às mudanças nas precipitações, diferentemente da aceleração global das perdas de massa, que é resultado da elevação das temperaturas.
As observações preocupam os cientistas, pois a aceleração da perda de massa das geleiras contribui para a elevação do nível do mar, o que tem acontecido, nos últimos anos. “As geleiras, em certas regiões, funcionam como um reservatório d’água, pois armazenam a água, no inverno, e a liberam, no verão, que é a época em que as populações mais a demandam para a agricultura,” afirma Étienne Berthier, glaciologista do CNRS, em entrevista à rádio France Culture. Ele acrescenta que a única forma de preservar com eficácia essas “enormes caixas d’água” é reduzir os gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento do planeta.
Por Pascale Pfann