Imagem de Silvia Rita/Pixabay.
Óleos essenciais poderão ser alternativa ao glifosato, o agrotóxico mais usado no mundo.
Por Pascale Pfann
O glifosato é cercado de polêmica. É o agrotóxico mais difundido no mundo, apesar de haver indicações de que seja potencialmente cancerígeno. Mesmo assim, ele faz parte da rotina da maioria dos agricultores de vários países. Sem muita opção para substituir a substância, os cientistas, então, decidiram se debruçar para tentar achar uma alternativa natural.
Em Gambloux, na Bélgica, cientistas do Centro de Ensino e Pesquisa TERRA (Teaching and Research Centre) desenvolveram uma mistura, em uma pesquisa que durou 10 anos: três óleos essenciais misturados com moléculas e água. Segundo os pesquisadores, basta algumas gotas para matar as ervas daninhas. E o produto age pontualmente, sem oferecer riscos para a saúde, como é o caso do glifosato, além de ser biodegradável. Os ingredientes e a manipulação deles não são revelados. “A receita é secreta”, afirma o pesquisador Simon Dal Maso em entrevista à France InfoTV, fazendo uma demonstração da técnica inédita que acaba de ser patenteada. Veja a experiencia no vídeo.
Ainda na Bélgica, produtores locais já estão usando óleos essenciais em suas lavouras. O óleo de laranja seria muito eficaz para evitar a germinação das batatas. Só que o processo é três vezes mais caro do que os produtos fitossanitários usados anteriormente. Veja na reportagem publicada no site da France InfoTv
ÓLEOS ESSENCIAIS X GLIFOSATO
Os óleos essenciais têm uma composição muito complexa, mais do que um pesticida, que tem apenas uma única substância ativa. Segundo o pesquisador Pierre-Yves Werrie, “um único óleo essencial pode conter até 100 a 200 substâncias. É essa mistura que permite ter um produto multi-ação e menos sujeito a desenvolver resistência, como é o caso de certos pesticidas convencionais.” Dessa forma, é mais difícil as plantas ou os insetos se adaptarem aos pesticidas, que “foi o que aconteceu com o glifosato, ao longo dos anos”, constata Marie-Laure Fauconnier, professora em Gembloux. Daí o interesse em usá-los como alternativa à substância que gera polêmica e receio, em todo o mundo. O Laboratório de Química das Moléculas Naturais se especializa no estudo dos óleos essenciais, há mais de 25 anos.
BIOPESTICIDAS DO FUTURO
Produtores da região de Fleurus, também na Bélgica, já usam os óleos essenciais em suas lavouras. O óleo de laranja seria muito eficaz para evitar a germinação das batatas. Só que o processo é três vezes mais caro do que os produtos fitossanitários usados anteriormente. Veja na reportagem publicada no site da France InfoTv.
Outro estudo, publicado na revista “Frontiers in Plant Science”, em abril passado, determinou que óleos essenciais administrados em um pomar conseguiram não só combater doenças e pragas como também estimular as defesas naturais da planta. O pesquisador do laboratório Gembloux Agro-Bio Tech, Pierre-Yves Werrie, afirma que “na Bélgica, a produção intensiva de maçãs requer um emprego considerável de pesticidas. De 30 a 40 aplicações, em média, por ano… Muitos são criticados por seus efeitos sobre o ecossistema, a saúde humana e os resíduos nas frutas.” Foi a partir dessa constatação que se buscou por uma alternativa natural mais segura para o meio ambiente e para os consumidores. E os óleos essenciais, são misturas muito concentradas de numerosas ações biocidas tais como inseticida ou fungicida. Nesse estudo específico, em vez de pulverizar a planta, optou-se por injetar o produto fitossanitário e se observou que há menos perda de substância ativa no solo ou na água, evitando assim qualquer poluição, e que a planta recebe efetivamente todo o produto. Segundo Pierre-Yves Werrie, “parece um tratamento por intravenosa, é muito mais direcionado.”
Imagem de destaque de Silvia Rita/Pixabay.