Na Eslovênia, o lixo é luxo

Produzir resíduos, na Eslovênia, seja lá qual for, não é uma boa ideia. Para descartar, é preciso pagar. E se descartar incorretamente, a multa é pesadíssima. É uma abordagem restrita e severa, mas está dando certo.

Da Redação do Fact Mundi

A Eslovênia é um país onde a natureza é soberana e as florestas ocupam dois terços do território. E os dois milhões de habitantes do país sabem preservar todo esse patrimônio natural. Desde cedo, todos aprendem a cuidar dos resíduos que produzem. Já na escola maternal, as crianças eslovenas aprendem a catar o lixo e jogar onde descartá-lo corretamente: na lixeira. Como é tudo em forma de brincadeira, o aprendizado é absorvido facilmente e com prazer.

Local de descarte de resíduos, na Eslovênia. Foto: Tiia Monto

Vigilância reforçada

Bled, na Eslovênia, foi a primeira cidade europeia a obter o certificado Cidades com Lixo Zero (Zero Waste Cities). Como ela conseguiu? Com bastante prevenção e muita repressão. Câmeras de ruas vigiam de perto e a polícia dos resíduos faz o reforço: a multa para os infratores é pesada, 400 euros (cerca de 2.200 reais) para um particular e 1.400 euros (cerca de 8.000 reais) para uma empresa. Não há perdão.

Por outro lado, a ideia básica é o cidadão não produzir resíduo. E como o governo promove essas atitudes dos cidadãos? Cobrando pelo descarte de resíduos não recicláveis. Assim, o morador tem que pagar uma taxa de 2 euros (cerca de 11 reais) para depositar um saco de lixo de resíduos não recicláveis. Se forem dois sacos, 4 euros, e assim por diante. Resultado? As pessoas estão produzindo cada vez menos resíduos.

E o que acontece com os resíduos tratados? Parte é transformada em biogás, e outra, em compostagem, que serve para o jardim dos habitantes.

Crianças aprendem a descartar os resíduos desde cedo. Foto: Foto:teens4unity

Leia também: Na França, é obrigatório separar os resíduos orgânicos


Brasil desponta

A boa notícia é que o Brasil já faz parte do Zero Waste Cities com a campanha São Paulo Composto Cultivar. Em 2020, a organização sem fins lucrativos e membro do GAIA, Instituto Pólis, lançou a campanha São Paulo Composto, Cultivar. A campanha conta com o apoio de 58 parceiros internacionais, nacionais e locais na maior cidade do Brasil, São Paulo.

Em 2023, o movimento ganhou escala nacional, com mais de 200 organizações enviando uma carta ao Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil exigindo a gestão de resíduos orgânicos e a mitigação climática no setor de resíduos. Como resultado, em reconhecimento à experiência do Pólis, o Ministério assinou um acordo de cooperação técnica com a ONG para promover a reciclagem de resíduos orgânicos, a integração de catadores e a mitigação de gases de efeito estufa em todo o país.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *