No mapa de maior risco dos países do G7 e dos BRICS, Brasil está em 1º lugar

De Pascale Pfann

Pandemia do coronavírus, mudanças climáticas, incêndios florestais, aumento da desigualdade, ciberataques: esses são os maiores riscos para os países-membros do G7 e dos BRICS, na visão dos seus próprios cidadãos. A pesquisa foi encomendada para a Conferência sobre Segurança de Munique (Munich Security Conference, MSC) de 2021 junto com a consultoria de comunicação Kekst CNC e ouviu 12 mil pessoas, ao todo.

No Brasil, além dos temas já citados, são fonte de grande preocupação a polarização política, o racismo e outras discriminações, e a escassez de comida. A classificação é feita por um sistema de pontuação que vai de 1 a 100. O Brasil foi o único país a obter a nota máxima no risco pandemia do Covid-19 (veja abaixo, no quadro ilustrativo): 100.

Mapa geral do risco de cada país segundo seus cidadãos. Fonte: MSI

Além do consenso de que existe um alto risco ligado à questão climática e ao meio ambiente, em todos os países pesquisados, a China foi considerada uma grande ameaça, com exceção da Rússia.

58% dos entrevistados de todos os países ​​acham que o risco das mudanças climáticas aumentará, enquanto 33% pensam que a situação não mudará. Quase dois terços de todos os entrevistados (64%) acreditam que as mudanças climáticas poderão ter um impacto muito significativo no país em que vivem.

Brasil: país de maior risco

O Brasil aparece em primeiro lugar no mapa geral de riscos, na visão de seus habitantes: 80% dos entrevistados consideram que as mudanças climáticas podem ter um impacto muito signicativo no país. Em segunda posição, vêm a Itália e a África do Sul, ambos os países com 71%, cada. Na outra ponta, com os índices mais baixos, estão os EUA (53%) e a China (57%).

Os alemães são mais céticos com relação aos países alcançarem seus objetivos: 63% disseram que não se pode confiar nos outros países para cumprir as obrigações climáticas. 61% dos entrevistados na Alemanha concordam que cada país deve introduzir metas obrigatórias para zerar as emissões líquidas de CO2 e 11% discordam.

Resultados da pesquisa no Brasil. Documento na íntegra aqui.

No quadro específico sobre o Brasil (ver acima), além da classificação máxima de risco para a atual pandemia do Covid-19, que recebeu a nota 100, há também a preocupação com uma futura pandemia. 70% dos entrevistados no país acreditam que isso pode acontecer, nos próximos cinco anos.

Em seguida, na ordem decrescente de avaliação de riscos, vem o aumento da desigualdade, o clima extremo e os incêndios florestais, além da destruição dos habitats naturais. Outros grandes riscos apontados, principalmente no Brasil, também estão: a escassez de alimentos, a discriminação e a polarização política.

Presidente alerta para risco global

Na comparação geral entre países, vale notar que o Brasil também lidera o índice de ameaça em “campanha de desinformação promovida por adversários” e junto com os sul-africanos, são os mais preocupados com uma guerra civil ou com a violência política. O país está em segundo lugar na classificação “racismo e outro tipo de discriminação” e “acesso à comida e à água” (ambos os casos, após a África do Sul). Quanto ao lado positivo, é o segundo país a oferecer menos risco de terrorismo ligado ao islamismo radical e um dos menos ameaçadores na relação com Rússia, Irã e Coreia do Norte.

O presidente da MSC, Wolfgang Ischinger, afirmou, em entrevista à Clean Energy Wire, que “clima e saúde são elementos cada vez mais importantes de nossa política de segurança. As políticas corretas nessas áreas podem prevenir crises, pobreza, pressão migratória e instabilidade em geral.” Segundo o relatório, os países estão perdendo a oportunidade de se reconstruir melhor, após a pandemia da COVID-19, e a transição energética poderá ser altamente disruptiva: “Pode vir acompanhada de um desequilíbrio entre os países exportadores de combustíveis fósseis, de uma nova corrida por novas fontes de energia limpas e de riscos crescentes associados à dependência de insumos estratégicos para a revolução da energia limpa”, completou Wolfgang.

Fonte: Clean Energy Wire, Munich Security Index 2021

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