De Pascale Pfann
No rastro da aprovação por deputados franceses da utilização do óleo de fritura usado como combustível, a questão ecoa no Brasil. A discussão não é nova. Há alguns anos, quando a ecologia começou a se tornar tendência e o desenvolvimento sustentável ainda dava os primeiros passos, a sociedade brasileira passou a se preocupar em descartar corretamente o óleo de cozinha. Centros de coleta foram montados e iniciativas, criadas. Mas com o tempo, o tema foi perdendo interesse, com exceção de algumas iniciativas que se mantiveram e de outras, que foram criadas.
Apesar do tema ser pouco abordado, o óleo de cozinha usado é bastante utilizado, no Brasil. Para se ter uma ideia, há mais de uma década que a matéria-prima, devidamente decantada e filtrada, entra na composição dos biocombustíveis. Prática que, estatisticamente, ganha importância, a cada ano. Segundo os dados mais recentes divulgados pela Associação das Indústrias Brasileiras de Óleos Vegetais, a ABIOVE, o ano de 2021 registrou o maior volume de óleo de fritura usado como matéria-prima para a fabricação do biodiesel : quase 114 mil m³, no ano todo. Isso corresponde a 2% de todas as matérias-primas usadas na fabricação desse biocombustível. A campeã foi o óleo de soja, que teve a maior participação na produção de biodiesel, em 2021, com 4,8 milhões de m³, equivalentes a 72% do total de matérias-primas naturais.
Vale dizer que, em uma década, as gorduras animais e o óleo de soja tiveram um decréscimo em sua participação na fabricação do biodiesel. Mantiveram-se estáveis ou ascendentes o óleo de fritura usado e outras matérias-primas.
No Brasil, pequenas e médias usinas dedicam-se a reciclar o óleo de fritura usado, que é uma matéria-prima mais barata do que o óleo virgem. Além de sua aplicação na produção de biocombustíveis, o óleo de cozinha usado também pode servir na fabricação de resina para tintas, sabão, detergente, glicerina e ração para animais.
Na próxima publicação, empreendedores que rentabilizam a coleta de óleo de fritura usado e ainda contribuem com iniciativas solidárias.
Foto de capa: United Soybean Board