A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esteve no Uruguai, na primeira semana de dezembro. Para quê? Para impulsionar um acordo que já se arrasta há… 25 anos. É o famoso pacto UE-Mercosul. Mas ainda há obstáculos.
Para relembrar…
O Mercosul é um bloco comercial que reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai. A ideia do pacto? Reduzir (ou mesmo eliminar) as taxas alfandegárias entre esses países e os países da União Europeia sobre vários produtos, desde carne bovina até máquinas industriais.
Por que tanta reclamação?
Bem, os agricultores franceses não estão nada felizes. Eles reclamam que os seus colegas da América Latina não seguem as mesmas regras sociais, sanitárias ou ambientais que eles. Além disso, o Brasil autoriza o uso de pesticidas proibidos na França, o que preocupa muito quanto à segurança alimentar.
Então, vai passar ou não?
Para que o acordo seja aprovado, é necessário o aval de uma maioria qualificada no Conselho da UE (em outras palavras, um monte de países membros). Mas aí é que o bicho pega: se quatro países representando 35% da população da UE disserem não, o acordo vai pro beleléu.
A França em modo resistência
Emmanuel Macron não é nem um pouco fã do acordo (pelos motivos citados acima – proteção do mercado interna, revolta dos agricultores, e macronicice). Mas já conseguiu arrematar para o lado dele a Itália e a Polônia, e talvez conte também com o apoio da Áustria e da Irlanda, que não estão totalmente convencidas por esse pacto de livre-comércio. Mesmo com toda essa gente, se o Macron quiser mesmo bloquear o acordo, vai ter que arrumar mais simpatizantes.
25 anos de negociações! Por que tanto tempo?
Na verdade, um acordo havia sido alcançado, em 2019. Mas assinar, que é bom, necas. Os europeus nunca assinaram o pacto. A culpa foi a polêmica em torno do desmatamento e do uso de pesticidas, além da famosa resistência da França. Enfim, a novela continua…
Números
Uma cota de:
- 99 000 t de carne bovina – taxadas a 7,5%
- 180 000 t de carne de frango – isentas de tarifas aduaneiras
- 100 000 t de açúcar – isentas de tarifas aduaneiras
- 40 000 t de arroz – isentas de tarifas aduaneiras
- 10 000 toneladas de mel – isentas de tarifas aduaneiras
Fonte: Le Monde; Agriculture Stratégies