Arquitetura Sustentável, a Solução do Futuro

Diante dos desafios impostos pelo alto consumo energético da construção civil, a Arquitetura Sustentável surge como uma solução promissora. É a inovação e a colaboração no setor da construção, com a adoção de normas mais rígidas de sustentabilidade e o desenvolvimento de soluções inovadoras para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Da Redação do Fact Mundi

Em média, nascem 4,3 bebês por segundo no planeta Terra. Segundo projeções, seremos 10 bilhões de pessoas em 2050. Diante dessa população em franca expansão, temos pela frente, desafios crescentes de alimentação, moradia, energia e sustentabilidade ambiental.

O setor da construção civil é um dos que mais consomem energia, no mundo todo: são cerca de 40% do consumo energético mundial e 30% das emissões anuais de gases de efeito estufa. Com o grande crescimento de novas construções destinadas a atender uma população cada vez maior e a ineficácia do parque imobiliário existente, é urgente buscar alternativas capazes de reduzir a pegada ecológica do setor.

Isso significa adotar práticas de construção ecorresponsáveis, tais como o uso de materiais sustentáveis, a concepção de edifícios que economizem energia e a adoção de tecnologias de ponta que reduzam o impacto ecológico ao longo de todo o ciclo de vida de um edifício.

O canal de informações Smart Impact entrevistou a arquiteta Nadia Hoyet, professora emérita da École Nationale Supérieure d’Architecture e autora do livro “Materiais e Arquitetura Sustentável”. Eis alguns destaques:

O que é Arquitetura Sustentável

A Arquitetura Sustentável é a que tem menos impacto ambiental, tanto no seu funcionamento diário quanto na sua elaboração. “Digamos que a arquitetura mais sustentável seja a que usa a madeira da floresta próxima ou a terra em que pisamos, usando apenas a energia humana”, exemplifica a arquiteta. Atualmente, ainda há pessoas que constroem suas casas dessa forma.


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Em 2050, população mundial poderá alcançar 10 bilhões de pessoas. Foto: Canva

Regulamentações e Inovações

Existem regulamentações ambientais que incitam a usar materiais de baixo carbono. A França possui atualmente a RE2020, que dispõe sobre a regulamentação térmica. A regulamentação energética leva em conta a energia existente nos materiais de construção, para se ter uma boa eficiência energética. Tais restrições energéticas e térmicas impulsionam a adoção de práticas sustentáveis na construção de edifícios novos.

Materiais de origem biológica e geológica

Na busca por materiais que dependam de menor energia durante o seu ciclo de vida, há uma preferência pelos de origem biológica e geológica. Há diferença entre os dois. Os de origem biológica são os que crescem na natureza e absorvem o CO2 para se formarem: a madeira, a palha, o cânhamo, o linho. Mesmo que necessitem de um pouco de energia para entrarem na construção civil, ainda assim, necessitam de menos energia. Os materiais de origem geológica são os que podem ser extraídos do solo, como a terra crua e a pedra. Eles têm baixo impacto carbono.

Tijolos de terra crua

Na cidade francesa de Grenoble, localiza-se o laboratório CraTerre, que pesquisa a terra crua, há décadas. O termo terra crua designa a terra que não é cozida. “Mil graus centígrados separam um tijolo de terra crua, a adobe, de um cozido,” diz a arquiteta. Ou seja, é um cômputo de carbono totalmente diferente.

Segundo dados do CraTerre, 30% da população mundial mora em uma casa de terra crua. Na França, 15% do habitat tradicional do campo são construções feitas de terra. E, atualmente, algumas pessoas estão construindo com a terra, mas usando a tecnologia do concreto.

É melhor renovar e reconstruir

No “Fórum Mundial sobre Edifícios e Clima”, realizado em março passado na França, 70 países concordaram em priorizar a renovação em detrimento das novas construções, com o objetivo de reduzir o uso de recursos não renováveis e aumentar a eficiência energética. Outro item importante do documento, a Declaração de Chaillot, é que se deve reduzir ao máximo os edifícios com ar condicionado, dando preferência à circulação de ar no interior dos prédios.

“Reconstruir com materiais de origem biológica, geológica, que consomem pouca energia ou que até produzem mais do que consomem. Além disso, adicionam-se os painéis solares, aquecedores solares, a geotermia, entre outros. A Arquitetura Sustentável é isso”.

Para Nadia, a boa construção é aquela que usa o material certo no lugar certo”. Os materiais de origem biológica têm limites técnicos superados pelos materiais industriais. “Os países do Norte constroem prédios de 10 andares com madeira.” O maior limite mesmo é o mental.. “Há materiais que só não estão em uso por obstáculos teóricos. É preciso superar esses limites mentais.”

Livro “Materiais e Arquitetura Sustentátel”, da arquiteta Nadia Hoyet.

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Colaborou: Pascale Pfann

Foto de capa: Canva

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